O lobo guará e os animais domésticos apresentam em diversos casos ambos susceptibilidade para diversos patógenos. Durante os anos de 1980-97 estudos comprovaram estatisticamente as três principais causas de morte de lobos guarás criados em cativeiro. Os resultados seguem: 38% das mortes foram causadas por incompetência parental, 9% por doenças infecciosas e 7% por alteração do sistema digestório. Observando mais precisamente os 9% de óbito causado por doenças infecciosas descobriu-se que 53% das mortes foram atribuídas a viroses caninas, 20,8% a cinomose e 23,1% a parvovirose sendo que essas duas doenças representam 4% do total de óbito.
O primeiro registro de lobos guarás infectados com o vírus da cinomose canina (CDV) foi em 1956 no San Diego Zoological Gardens. Apenas em 1983 que foram constatados resultados satisfatórios com a imunização de lobos guarás contra a CDV. Essas vacinas foram feitas com vírus vivo modificado (VVM) originarias de culturas de fibroblastos de embriões de galinhas (FEG) ou de ovos embrionados de aves SPF, porém registros ressaltam que vacinas realizadas a partir de outras técnicas vêm sendo utilizadas, como por exemplo, quando VVM contra CDV originária de cultura de células de rim de cão foi utilizada, o que é tão eficaz como as VVM descritas anteriormente. A parvovirose teve seu primeiro caso observado em 1979 em San Antonio Zoological Garden, porém no Brasil só foi constatado em 1984 quando um surto de enterite hemorrágica ocorreu no Zoo de São Paulo.
Após a realização da vacinação dos animais do experimento, foi realizada uma avaliação pós-vacinal que demonstrou que dos 47 animais vacinados, 34 tiveram a capacidade de desenvolver título de anticorpos neutralizantes contra CDV iguais ou maiores a 100, 9 desenvolveram título entre 30 e 100 e apenas 4 apresentaram um título inferior a 30. Já em relação ao CPV 45, dos 47 animais vacinados, foram capazes de desenvolver título de anticorpos iguais ou maiores a 80 e somente 2 tiveram uma resposta inferior a 80.
Pode-se concluir, com base nos resultados, que lobos guarás responderam bem a vacinação com VVM desenvolvida para cães domésticos. Nenhum dos animais vacinados apresentou qualquer tipo de reação indesejável, isso provavelmente graças a proximidade filogenética entre o lobo guará e os cães domésticos. A vacina utilizada provou ser segura tanto para animais filhotes quanto para animais adultos.
Os animais vacinados mantiverem os títulos estáveis ao longo do ano, porém por mais que esses títulos possam perdurar por mais de 12 meses, é recomendado uma revacinação anual, assim como nos cães domésticos.
Com base nesses resultados, foi sugerida ao Comitê de Manejo do Lobo Guará a adoção do seguinte programa de vacinação contra CDV e CPV:
1) Filhotes de lobos guarás, nascidos em cativeiro ou sem histórico de vacinação: vacinação recomendada a partir dos 45-60 dias de vida com três doses consecutivas de vacina polivalente, em intervalos de 21-30 dias;
2) Lobos guarás adultos sem histórico de vacinação: recomendada a vacinação com duas doses consecutivas de vacina polivalente, em intervalos de 21-30 dias;
3) Lobos guarás adultos com histórico de vacinação: revacinação anual;
4) Vacinação pré-cobrição de fêmeas para conferir proteção passiva ao filhotes.
REFERÊNCIAS:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-09351999000500003&script=sci_arttext